Nome: André Luiz da Silva
Idade: 44 anos
Cidade natal: Ribeirão Preto
Escolaridade: Superior
Estado civil: Divorciado
Cidadão brasileiro, 44 anos, divorciado, ribeirãopretano, negro, vereador em seu primeiro mandato, este é o Senhor André Luiz da Silva
NEGRUS.COM: Como e quando surgiu o interesse pela política?
ANDRÉ LUIZ: Na adolescência, quando participava de grupos de jovens da igreja católica conheci o documento de Puebla que determinava a opção preferencial pelos pobres e jovens na igreja latino-americana e caribenha. Também conheci as Comunidades Eclesiais de Base e o método ver, julgar e agir. Estudei o princípio bíblico da oração e trabalho. Aprendi que as grandes transformações sociais passam pelo engajamento em associações, sindicatos, clubes de serviço, partidos políticos e conselhos de participação popular. Compreendi principalmente que a política regula todas as relações da vida em sociedade.
NEGRUS.COM: Quando foi seu primeiro mandato e qual o cargo?
ANDRÉ LUIZ: Eleito em 2008, estou em meu primeiro mandato eletivo, como vereador pelo PCdoB
O senhor enfrentou dificuldades por ser negro, em que fase de sua vida, nos conte um pouco a respeito. Como superou?
- Na escola, no clube, no trabalho, no círculo de amizades, nas relações sentimentais, em várias fases da vida, sempre enfrentei situações de preconceito e discriminação, muitas vezes camufladas na forma de piadas, chacotas e brincadeiras a princípio inofensivas, mas que causavam grande dor e constrangimento. A superação veio através do estudo, do autoconhecimento, da família e da formação. Com o passar do tempo compreendi que o caminho menos penoso para vencer as dificuldades do preconceito, racismo e discriminação é o enfrentamento do problema, utilizando-se das ferramentas e meios corretos.
Sobre o racismo, evidente em nosso país, o que o Senhor enquanto político acha disso?
- O racismo, ainda, é uma realidade presente em nosso cotidiano. Compete a cada um de nós o esforço e dedicação para superá-lo. Além dos avanços na legislação, precisamos de políticas objetivas e concretas, também de informação e conhecimento.
Tem algum projeto para acabar com esse tipo de intolerância?
- Temos colocado o tema na agenda política da cidade, o que nunca ocorreu antes. Apresentamos projetos para incentivo à produção cultural, o resgate da ancestralidade, divulgação e visibilidade do negro como sujeito ativo da história. Cobramos a implantação da Lei Federal 10639/2003 (que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira), a reorganização do Conselho Municipal da Igualdade Racial e a criação de uma secretaria municipal da igualdade racial
Em todo seu mandato, qual foi o trabalho que causou ou causa orgulho?
- São várias, mas em relação à igualdade racial posso destacar três:
1 - Lei 12020/2009 que DISPÕE SOBRE A VALORIZAÇÃO DAS PESSOAS DA RAÇA NEGRA NAS PEÇAS PUBLICITÁRIAS DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO;
2 -Emenda parlamentar para publicação de obras literárias sobre a história da cidade e uma específica sobre o povo negro.
3- Emendas parlamentares de Programa de Incentivo Cultural para projeto na área de cultura afrobrasileira.
Qual seu maior objetivo na política?
- Pode parecer frase feita, mas efetivamente meu maior objetivo é desenvolver políticas públicas capazes de reduzir as grandes desigualdades sociais e deixar um mundo melhor para as próximas gerações.
Que conselho o senhor dá aos negros do Brasil, que desistem de seus sonhos no primeiro obstáculo, em especial quando esse obstáculo é a cor da sua pele?
- Ser negro no Brasil é um eterno desafio, uma eterna luta. Os obstáculos devem ser encarados e superados até o dia em que nossa sociedade evolua. Então estude, trabalhe, acredite e jamais desista.
Qual a importância da família nisso tudo?
- A família é suporte, inspiração e refrigério. Com a família e pela família estamos preparados para tudo.
Ser negro é:
Ser negro é carregar em sua pele a herança de sofrimento e dor. É trazer nos olhos a tristeza da saudade, é manter na alma a esperança da liberdade, no coração o orgulho e a dignidade de um povo que não sucumbiu à escravatura e seus malefícios. Ser negro é superar todas as dificuldades com altivez e um incompreensível sorriso, acreditando que um dia as coisas serão melhores.